Sobre a Actividade<br>da Comissão Central de Controlo

Armando Morais (Membro da Comissão Central
de Controlo)

A Comissão Central de Controlo vem apresentar ao Congresso uma breve informação sobre os aspectos mais relevantes da sua actividade, considerando ser de grande importância que o Partido conheça o papel desempenhado por este órgão superior do Partido.

Neste mandato a CCC, no quadro das actuais funções (fiscalização da legalidade estatutária das actividades do Partido, a intervenção como instância de recurso de qualquer organismo ou militante, a fiscalização das contas do Partido), centrou a atenção da sua actividade nas seguintes questões:

A realização das assembleias das organizações, componente essencial da vida democrática do Partido; regularidade na sua convocação; prestação de contas da actividade dos organismos dirigentes; possibilidade do exercício do direito do militante a eleger e ser eleito no processo electivo do organismo dirigente das respectivas organizações.

O cumprimento por parte dos eleitos do Partido para cargos públicos do respeitante ao estabelecido no Artigo 54.º dos Estatutos (não devem ser beneficiados nem prejudicados financeiramente pelo exercício dos cargos).

Apreciação e decisão sobre recursos que lhe foram dirigidos por militantes e ainda sobre outras questões que lhe foram colocadas. O número diminuto de recursos recebidos por este organismo sobre sanções aplicadas revelam uma baixa conflitualidade no funcionamento democrático do Partido e uma elevada coesão no seu seio.

Análise de situações político/disciplinares de membros do Partido e, também, de cumprimento de normas estatutárias no âmbito dos direitos e deveres dos militantes, como por exemplo: o pagamento e cobrança das quotizações; formação política ideológica dos quadros; difusão da imprensa do Partido, entre outros.

A CCC procedeu ainda, à fiscalização das contas anuais do Partido e elaborou os respectivos pareceres, tendo registado a sua conformidade com a lei.

Relativamente às assembleias das organizações, a CCC registou avanços positivos que continuam a verificar-se na regularidade de realização das Assembleias das Organizações Regionais e também da generalidade das Organizações Concelhias e de alguns grandes sectores, importantes para a dinamização orgânica, para a resposta política, para garantir as melhores condições de participação dos militantes na vida do Partido e assegurar espaços de exercício da democracia interna.

Subsistem, contudo, atrasos e dificuldades relativamente à realização regular das assembleias das organizações intermédias e organizações de base.

Sobre ao cumprimento dos Estatutos relativamente ao princípio de os eleitos não serem beneficiados nem prejudicados financeiramente no desempenho de cargos públicos, a CCC faz uma apreciação positiva sobre o cumprimento, na maioria das organizações, desta norma estatutária, que tem profundo significado político-ideológico e que é uma exigência ética para os eleitos comunistas. Contudo também verificou casos de não cumprimento desse princípio estatutário, situações que não devem ser desvalorizadas e que exigem medidas dos organismos competentes e a atenção de todo o Partido.

Fortalecer o Partido

No âmbito da militância partidária, da ética e da elevada consciência política e ideológica, a CCC considera que merece referência positiva a participação dos membros do Partido nas mesas eleitorais, também como um serviço devido aos cidadãos e à democracia, sendo que a entrega ao Partido do valor recebido constitui um contributo importante para a nossa luta e reforça a postura comunista de dedicação à luta por um mundo novo.

Em relação a comportamentos incorrectos, assumidos no âmbito de processos eleitorais e outros que infringem a disciplina partidária e a violação de normas estatutárias, o Partido deve analisá-los com ponderação, tendo em conta que as medidas disciplinares nunca foram para o nosso Partido meros actos administrativos, mas decisões política-ideológicas que têm em vista o fortalecimento do Partido, a sua coesão e unidade. A CCC lembra que, conforme consignado no art.º 61, n.º 2 dos Estatutos, «as sanções têm como fim reforçar a unidade, a disciplina, e a moral revolucionária do Partido e de cada um dos seus membros».

Sobre os direitos e deveres estatutários dos militantes, a CCC considera que o Partido, globalmente, deve ser mais exigente quanto aos conteúdos destes dois artigos, havendo toda a vantagem em não dissociar a discussão sobre os direitos e deveres dos membros do Partido.

A CCC tratou diversas matérias relacionadas com os direitos dos militantes que lhe foram colocadas e que mereceram tomadas de posição ou decisão. Em relação aos deveres dos militantes, a CCC considera que é preciso fazer um esforço para elevar os níveis de disciplina partidária, através do debate e chamadas de atenção para a necessidade da regularidade na presença nas reuniões, na execução de tarefas, no cumprimento de horários, na vigilância necessária de todos e de cada um na discussão da actividade do Partido fora dos respectivos organismos.

Ao fazer o balanço ao trabalho realizado, a CCC considera que no essencial cumpriu com as suas atribuições, mas há ainda muito a melhorar na sua actividade e intervenção na vida partidária no sentido de ser mais útil ao Partido e contribuir para o seu reforço. A CCC manifesta a confiança de que o XX Congresso será um passo importante no reforço da unidade e coesão do Partido, assim como na sua contribuição para a luta dos trabalhadores e do nosso povo no caminho da alternativa política, patriótica e de esquerda.

 



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